quinta-feira, 30 de abril de 2009

O desafio da responsabilidade

Confesso que me assustei quando ouvi Rubem Alves, meu escritor preferido, declarar que odiava a frase “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Sempre gostei muito do livro “O pequeno príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry. A afirmação do Rubem foi feita no ano passado, durante sua penúltima visita a Belo Horizonte. Após o susto inicial provocado, traço típico do escritor mineiro em sua fala, veio o arremate, a explicação: “eu não consigo mais ser responsável pelo tanto de gente que cativei”.

Ultimamente, tenho achado assustador como pode ser fácil cativar alguém. Para isso, penso não haver padrões. Como as pessoas são diferentes, a medida necessária para cativá-las varia na mesma proporção. Acompanha seus traços e carências específicos. Complicado, então, saber quando se cativou. Vivo isso a cada dia. Nos momentos mais inesperados, ouço de uma pessoa tão mais inesperada palavras de afeto e admiração por mim. Imediatamente recordo de minhas piores facetas e me lembro que manifestei várias delas no relacionamento com tal pessoa. Motivo suficiente para não cativá-la. O que acontece então?

Admito minha total ignorância. Assusto-me a cada dia com o poder que reveste cada ação que tomamos em direção ao outro. Certo que é que, aqui, também vale a lei da física. Aquela que nos diz que toda ação gera uma reação. Impossível é prever essas reações. Inevitável é ser atingido por elas.

“Eu não consigo mais ser responsável pelo tanto de gente que cativei”. Peço licença ao Rubem para fazer das palavras dele também minhas. Quanto mais consciente da responsabilidade que tenho com cada pessoa que pela minha vida passa, maior é também a consciência da minha incapacidade de cuidar de cada uma delas como convém. Confesso que sou incapaz. Limitado. Falho. Omisso. E que me canso com extrema facilidade.

Frequentemente, esse cansaço me convida a desistir. E por que continuo?

Outra vez confesso que, em mim, a vontade de parar é maior! Mas do Amor que em mim se encarnou vem uma força que me impele a seguir. Como uma nascente de águas límpidas. Como um Rio que leva para longe a secura do meu coração.

Consciente da minha impossibilidade de carregar todos que cativei em meus ombros, meu convite é apenas um. Simples e sincero. Peço que todos mergulhem comigo nesse Rio. Que aceitem o desafio de deixar a força da Água nos levar. Mais uma vez, lembro que, para essa viagem, é preciso coragem!

Hugo Rocha

Um comentário:

andre' disse...

será que tenho coragem?
ando cansado demais até pra manter o que cativei e que realmente me importa... quanto mais as pessoas que cativei... mas para as quais realmente não faço questão de dar valor... aff
é chato ter que ser algo que as pessoas esperam... ¬¬

vou andando... xD