domingo, 7 de novembro de 2010

Assim como nós perdoamos...

A boa nova é esta: "Deus, em Cristo, estava reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação." (II Coríntios 5.19, NVI)

Esse versículo é um dos meus preferidos de toda a Bíblia. A meu ver, sua beleza reside no fato de exprimir o cerne da mensagem do Evangelho: Deus, o Pai, em Jesus, reconciliou consigo a humanidade. E toda essa realidade gira em torno do perdão que Ele nos concedeu, não levando em conta os nossos pecados.

Não levar em conta é o mesmo que esquecer! É o que Paulo nos diz: Deus se esqueceu dos nossos pecados. E a nós, seres limitados e falhos, entregou a responsabilidade de carregar a mensagem da reconciliação, cujo caminho é o perdão.

Sempre que começo a refletir (seja para escrever ou não) sobre tal verdade, inevitavelmente me assusto com a grandiosidade do Amor de Deus. Não dá para fugir do espanto quando se olha pelo seguinte prisma: o que fizemos para que o Pai decidisse nos amar? O que demos a Ele para que quisesse nos perdoar?

A resposta às questões é sempre a mesma: nada! Não fizemos nada, porque somos incapazes. E a principal característica do perdão de Deus é que ele é de graça, não depende de merecimento. Caso dependesse, podíamos jogar a toalha e desistir. O verbo merecer não pode ser conjugado junto à palavra graça. Isso não é regra gramatical. É condição inerente ao Amor de Deus.

Embora seja assustadora de início, a realidade do Amor de Deus acaba sendo aceita, independentemente de uma compreensão exata da sua significação. Mas não podemos parar por aí: o versículo de II Coríntios nos entrega uma outra realidade: o Pai confiou a nós a mensagem da reconciliação.

Se pensarmos de forma comparativa, é bem mais fácil aceitar o Amor de Deus. Complicado é repetir e deixar fluir, em nós, esse mesmo amor. Queremos ser amados, mas nem sempre queremos amar. E esquecemo-nos de que o Amor é tarefa árdua. Exige altruísmo, esvaziamento, compreensão. Basta pensar em como o Pai compreende aquilo que somos, aquilo que fazemos.

Não podemos esquecer que Jesus nos deixou uma missão: amar toda pessoa que nos cerca como a nós mesmos. Logo, aceitando o perdão de Deus, somos levados a perdoar também. É difícil perdoar as pessoas que nos ferem. Principalmente porque, quando feridos, esquecemo-nos que perdão não tem relação com merecimento. Assim como o perdão de Deus é iniciativa dEle, o nosso não deve esperar o movimento do próximo. Deve partir sempre de nós.

Minha oração é que quando orarmos pedindo ao Pai que perdoe nossas ofensas, dívidas e erros, tenhamos a consciência leve para dizer “assim como nós perdoamos...”

Hugo Rocha
Escrito às 22h15 do dia 7 de novembro de 2010

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